Total de visualizações de página

quarta-feira, 24 de julho de 2013

APRENDA A LIDAR COM COMPORTAMENTOS ESTRESSANTES DO SEU CHEFE

 

 

 

Seu superior pode ser responsável por seu estresse, mas você é quem deve saber lidar com essas situações

Tem gente que diz que chefe é como nuvem: melhor mesmo é quando não aparece! Brincadeiras a parte, ele pode ser responsável não só pela liderança do seu trabalho, mas pelo seu bem-estar também. "Podemos dizer que em uma área tão delicada como a da realização profissional a opinião do chefe tende a pesar bastante no nosso humor e disposição do dia a dia. Mas como isso mexe conosco, depende da forma como fomos criados e aprendemos a nos relacionar com alguém de nível hierárquico superior ao nosso", define o psiquiatra Roberto Shinyashiki, doutor em Administração de Empresas.

Tal tese é, inclusive, confirmada por um estudo divulgado em junho de 2013, feito pelo Instituto de Pesquisa e Orientação da Mente (Ipom) mostrou que 38% acreditam que o mau humor do chefe e dos colegas é o principal responsável pelo seu estresse no trabalho. Para chegar a esse resultado, foram entrevistadas 1,5 mil pessoas entre maio de 2012 e maio de 2013. Não é de se admirar que muita gente literalmente sofre quando a relação com o superior não vai bem. O impacto chega a ser físico: "À longo prazo algumas pessoas podem manifestar dores de estômago e de cabeça, músculos tensionados, sono prejudicado e sensação de ansiedade e angústia", enumera a psicóloga Ana Paula Bellati, especializada em Gestão Estratégica de Recursos Humanos e diretora de projetos da UM%, empresa especializada em coaching profissional.

O problema é que a figura de autoridade normalmente nos remete a outro personagem. "Pense na imagem que uma criança tem de seu pai. Para o liderado, inconscientemente, o líder acaba tendo uma representação parecida na maioria das vezes: a de um semideus praticamente, que diz que você é isso ou aquilo e também diz o que pode fazer ou não fazer. Isso influencia também no processo de construção de crenças de identidade do indivíduo, ao definir quem ele é e do que ele é capaz", compara a Ana Paula.

Mas será que a culpa é sempre do chefe? Muitas vezes o funcionário pode também estar se fazendo de vítima em alguma situação. "Existem dois pontos importantes a observar: o primeiro é que se o chefe é um vilão ele não o é só com você e sim com todo mundo da equipe, e isso vai ficar fácil de identificar. O segundo ponto é que a postura de vítima de uma pessoa não vai se manifestar somente na área profissional, como em todos os setores da sua vida", explica Shinyashiki.

Se você está na dúvida, descubra qual a sua situação atual com seu chefe e o que você pode fazer para sair dessa! 

 
Chefe que não escuta - Foto: Getty Images

Não aceita opiniões e sugestões

O primeiro passo é reconhecer: o seu chefe não aceita ideias de ninguém, ou só as suas? Se for a última opção, talvez caiba a você observar que tipo de opiniões você vem dando, vale conversar com ele e pedir um feedback, verificando o que está faltando para que a sua sugestão seja realizada. O especialista em coaching Fabio Di Giacomo, diretor presidente da UM%, acredita que é preciso muita conversa para que os ruídos sejam tratados antes de se tornarem um problema de comunicação. "Os colaboradores precisam saber o motivo de suas ideias não serem aceitas, suas sugestões precisam ser no mínimo ouvidas e precisam receber um retorno delas", acredita Di Giacomo, que é especialista em desenvolvimento estratégico de pessoas, com foco em liderança e formação de times.

Mas se a reclamação for geral, o problema está mesmo no chefe, e as consequências são graves, principalmente em que tem a autoestima mais baixa. "Isso pode gerar medo, raiva, culpa, desânimo e preguiça dentre as emoções e estados de espírito mais básicos. Eles depois podem desencadear uma porção de outros problemas mais graves como: depressão, agressividade, transtorno de ansiedade, entre outros males", lista Ana Paula Bellati, psicóloga especializada em Gestão Estratégica de Recursos Humanos. A solução aqui também é conversar e cobrar do líder um feedback de sua participação. 


Não delega funções, mas depois cobra pró-atividade

Não vamos vilanizar o chefe que faz isso, afinal de conta nossos especialistas são unânimes ao acreditar que esse tipo de comportamento normalmente é feito sem querer. "Às vezes os líderes têm certeza de que delegam e não percebem que na verdade estão sendo extremamente centralizadores", avalia Fábio Di Giacomo. O problema é que o funcionário acaba sendo colocado no limite nesse tipo de situação, tendo como consequência um possível desestímulo do funcionário, além de insegurança, impotência na sua função e frustração, como lista Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra e doutor em Administração de Empresas.

Aqui a solução também começa com uma conversa com o seu líder, expondo esse problema e explicando como você se sente. "Se a conversa não surtir efeito, outras alternativas são: ter uma conversa com o superior do chefe, pedir transferência para outro setor, ou até mesmo procurar outra empresa pra trabalhar, quando você sentir que não pode mudar isso e que esse fato está prejudicando a sua carreira", considera Shinyashiki. Cabe também conversar com seus colegas e ver se eles têm esse tipo de sensação também.

 
 

Apresentando ideias da equipe - Foto: Getty Images

Toma o crédito por ideias da sua equipe

As três palavrinhas chave para perceber quando o problema é do funcionário ou do chefe são: frequência, recorrência e contexto. "Um colaborador maduro, sem mania de perseguição e com controle emocional, pode perceber em quais situações isso acontece e colocar outras pessoas de sua confiança e maturidade para checarem junto com ele", considera o especialista em coaching Fábio Di Giacomo.

Quando isso de fato ocorre, são diversas as motivações. "Pode ser que o líder tenha medo de perder seu posto e tenha problemas com sua própria autoestima. Também é possível que em outras ocasiões também roubavam as ideias dele e ele ache isso normal", enumera Ana Paula Bellati. Algumas vezes também, ele tem um perfil mais oportunista. Nesses casos, muitas vezes cabe conversar com o superior de seu chefe, expondo a situação ou até avaliar o quanto se consegue suportar essa situação ou se não vale a pena mudar de emprego.


 
 
Chefe gritando - Foto: Getty Images

Levanta a voz e humilha o funcionário

Nada mina mais a autoestima de alguém do que levar uma chamada de atenção. Quando isso ocorre em voz alta, é pior ainda! "Levantar a voz traz prejuízos para qualquer relacionamento. Em especial quando se faz isso na presença de outras pessoas. Sem dúvida que no ambiente de trabalho isso é péssimo e pode realmente afetar a autoestima do funcionário", considera Roberto Shinyashiki.

Mas cabe verificar se ocorreu apenas uma vez ou já se tornou algo recorrente. É no segundo caso que a saúde emocional do funcionário começa a ficar em risco. Em ambos, conversar com o chefe é a principal solução, mostrando que você não gosta desse tipo de atitude e isso não resolve. Mas espere até os ânimos esfriarem, antes de colocar as cartas na mesa. Esse tempo é importante porque ajuda a acalmar e organizar melhor as ideias, quando for expor o descontentamento.


  •  
  •  
  • Chefe com mudanças de humor - Foto: Getty Images

    Quando o humor oscila

    A variação de estados de espírito é ruim em toda relação. "O colaborador só vai se sentir inseguro com as variações de humor de seu líder, uma vez que ele não entende de fato como o seu líder funciona", considera Fábio Di Giacomo. É importante observar com que frequência isso ocorre. É normal do ser humano não estar sempre feliz ou triste o tempo todo, e a situação só está fora de controle quando as variações de humor são realmente extremas.

    A forma como isso afeta os funcionários é realmente individual. "Alguns poderão se sentir inseguros, outros ficarão mal humorados, outros não vão estar nem aí para o chefe", explica Shinyashiki. Como abordar isso? Para o especialista, depende de como cada funcionário está se sentindo nessa situação. "Mas quando o chefe tem variações de humor prejudiciais à equipe, é o caso dos superiores dele tomarem providências quanto à sua liderança", finaliza o especialista.

  •  
    Chefe com medo de arriscar - Foto: Getty Images

    Tem medo de se arriscar em ideias novas

    Para Shinyashiki, é muito raro que a equipe de um chefe que não se arrisca progrida dentro de uma empresa. "Se alguém na equipe tem boas ideias e gosta de arriscar mais, vai se frustrar com as limitações do chefe e poderá realmente ficar estressado e muito frustrado com suas ideias sendo podadas o tempo todo", afirma o especialista. A tendência é que com o passar do tempo, pessoas nesse perfil acabem saindo por conta própria desse tipo de situação.

    Muitas vezes, porém, o que pode acontecer é o funcionário se tornar acomodado e isso prejudicar o desenvolvimento profissional dele. "Com o tempo, uma equipe com um chefe que não arrisca passa a ter somente funcionários medíocres e acomodados", acredita o psiquiatra. E por isso mesmo, se apenas conversar com o chefe não resolver, a melhor solução é procurar outros tipos de oportunidade.



     
    Alguns chefes causam desorganização - Foto: Getty Images

    Não se organiza, mas cobra organização

    Organização é algo muito importante para um líder: "Um chefe desorganizado costuma, no mínimo, reduzir os resultados da equipe, além de aumentar o trabalho dos seus liderados. Em alguns casos, a sua desorganização induz também a desorganização de seus funcionários e o efeito catastrófico se multiplica. Em outros, alguém da equipe vai assumir a organização necessária no grupo, mas vai acabar tirando seu foco da sua atividade principal, o que vai prejudicar os seus resultados pessoais", contabiliza Shinyashiki.

    Normalmente isso pode gerar insegurança nos seus funcionários, que podem não se sentir capazes de dar conta do seu próprio trabalho, além da sensação de falta de comunicação na equipe. A forma de resolver a questão é ter uma conversa sincera com o chefe e passar esse feedback.  

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário